No caminho certo
Ultramaratonista de Imbituba é
um exemplo para de superação
Imbituba
Quem vê o ultramaratonista Guilherme Gonçalves, de 35 anos, se superando nos treinamentos e nas competições, nem imagina que, antes de se tornar um atleta de ponta, o jovem conviveu com as droga. Entre 1996 e 2006, o morador de Imbituba virou noites sob o efeito de álcool, maconha, cocaína e até o crack.
Foi no momento mais complicado do vício, quando Guilherme já demonstrava sinais de agressividade, que os familiares decidiram interná-lo em uma clínica no município de São João Batista, na região da Grande Florianópolis. Foi lá, convivendo com outros dependentes químicos, que o rapaz decidiu dar a volta por cima.
“Quando eu cheguei à clínica, me vi sozinho e entrei em desespero. Convivia com aquelas pessoas que pediam ajuda, mas não conseguiam largar as drogas. Muitas delas, sempre retornavam. Foi então que pedi ajuda a Deus e tive um start. Percebi que eu não queria mais aquele tipo de vida”, disse o atleta de Imbituba.
Como sempre esteve ligado ao esporte amador, Guilherme aproveitava o tempo na clínica para correr. Treinava diariamente e colocou a prática esportiva em primeiro plano. Depois de 30 dias internado, já desintoxicado, voltou ao convívio dos familiares e amigos.
Foi acolhido na Igreja Evangélica e lá, começou a trabalhar com outros jovens que precisavam de ajuda. Em paralelo, Guilherme continuava treinando forte. Até que, em 2013, decidiu investir na carreira profissional. Em cinco anos, já fez mais de 100 corridas, entre maratonas e ultramaratonas.
Nas primeiras 100 milhas (160 quilômetros) disputadas em Santa Catarina, levou o terceiro lugar, entre 82 atletas profissionais. Na Itália, disputou a Lavaredo Ultra Trail, corrida que faz parte do Circuito World Tour. Nesta prova de 48 quilômetros, o corredor foi o 95º entre 1600 ultramaratonistas.
Sobre o futuro? Guilherme Gonçalves, que já venceu a difícil corrida contra as drogas, espera se destacar, cada vez mais, no esporte. “A vida tem muitas coisas boas esperando acontecer. Tu tens que acreditar no teu sonho e seguir firme. Até hoje eu lido com as resistências internas me dizendo, será que eu sou capaz? Mas eu acordo todos os dias e digo, eu vou pra cima. Depois que voltei da Europa, eu vim muito decidido a buscar um espaço na Seleção Brasileira Trail. Esse é o meu sonho como atleta”, disse o atleta de Imbituba.