Análise descarta presença de coque nas areias da Praia da Vila

Após denúncia através da Ouvidoria Municipal, a Secretaria Municipal do Meio Ambiente juntamente com a Unesc – Universidade do Extremo Sul Catarinense, realizou, no dia 20 de agosto, o recolhimento de quatro amostras compostas, para análise da substância que teria aparecido nas areias da Praia da Vila.

O laudo foi apresentado no último mês, onde a Unesc informa ter finalizado as análises preliminares. Segundo o documento, o parecer técnico final só poderia ser emitido após o recebimento da análise enviada pela UFRGS (Universidade Federal do Rio Grande do Sul), que faz parte do processo final de conclusão, em que uma análise chamada “resultados da caracterização petrográfica”, que poderia indicar ou não a precedência mineral do material coletado.

Plano de amostragem

 Foi realizada vistoria expedita nas imediações da Praia da Vila com a finalidade de verificar a ocorrência de material com coloração escura na orla, conforme relatado por técnicos da Prefeitura Municipal de Imbituba.

Para fins de comparação entre os resultados, foi realizada uma amostragem em um ponto do litoral com mesmo contexto fisiográfico, mas no qual os sedimentos praiais não apresentavam visivelmente presença do material escuro em questão. A amostra de referência (ponto branco) foi obtida aproximadamente a 2 km do local onde foi identificado o problema

 

Metodologia

 A escolha dos métodos analíticos e dos respectivos parâmetros a serem analisados levou em conta o meio físico da área, assim como as principais atividades antrópicas desenvolvidas em suas proximidades, a fim de mensurar eventuais contribuições de ocorrência natural ou antropogênica.

Tendo como base uma gama de possibilidades de origem do material, indo desde atividades portuárias, industriais ou de fontes naturais, optou-se por três abordagens investigativas: analises físico-químicos, caracterização química e análise petrográfica.

A fim de caracterizar fisicamente o material foram realizadas análises para determinação da densidade real e aparente da amostra de referência (ponto branco) e da amostra superficial, a qual visivelmente apresentou maior porcentagem de material escuro. Nestas mesmas amostras foram realizados ensaios de perda ao fogo, para avaliar a perda de massa quando submetida a altas temperaturas, podendo indicar queima de substâncias orgânicas ou volatilização de carbonatos, sais e sulfetos.

A caracterização química teve como objetivo, não apenas a investigação da fonte, mas principalmente a avaliação da ocorrência de potencial contaminante e tóxico para os usuários da praia.

Partindo-se de um cenário preexistente relacionado com as principais atividades que possam ter contribuído para o problema em questão, optou-se pela realização de uma varredura de parâmetros seguindo-se os parâmetros preconizados pela resolução CONAMA n. 420 de 28 de dezembro de 2009 que “dispõe sobre critérios e valores orientadores de qualidade do solo, quanto à presença de substâncias químicas e estabelece diretrizes para o gerenciamento ambiental de áreas contaminadas por essas substâncias, em decorrência de atividades antrópicas”.

 

Conclusão

 Segundo o observado na análise macroscópica, o material estranho a areia da praia tem um tamanho de grão de areia fina e apresenta-se bem arredondado, apontando um retrabalhamento significativo pela ação das ondas.

Este fato evidencia que o material não foi depositado recentemente na praia, portanto, não seria ocasionado por eventos como maré alta ou os fortes ventos ocorridos recentemente.

No que tange a análise química, dentre os metais analisados, constata-se que o Bário desponta como resultado anômalo e significativamente diferente. A concentração deste metal nas amostras com fragmentos de coloração preta encontra-se acima do valor de prevenção estabelecido pela Resolução do CONAMA nº 420/2009, sendo o Bário relativamente comum em ambientes costeiros.

Levando em consideração a possibilidade de que, a presença dos materiais pretos na areia tivesse relação direta com a atividade de coque de petróleo realizada nas proximidades, a análise descartou que este material seja o responsável pelo fenômeno nas areias da Praia da Vila, sendo que o coque de petróleo tem características morfológicas muito típicas, diferente do que foi observado na análise petrográfica.

Da mesma forma, os valores de refletância da vitrinista mensurados na análise não são compatíveis com o observados em carvões catarinenses, podendo ser descartada também esta possibilidade.