Projeto realiza soltura de tartaruga resgatada em Imbituba
Um aviso por telefone dizia que uma tartaruga estava debilitada na Praia do Rosa. Foram dois dias de busca e desencontros. O resgate conduzido pela equipe do Projeto de Monitoramento de Praias da Bacia de Santos, realizado nas praias de Laguna e Imbituba, resultou na ida do animal para o Projeto Tamar, em Florianópolis.
Ameaçada de extinção, a tartaruga popularmente conhecida como Cabeçuda (Caretta caretta), aparentemente passaria por um tratamento simples. Mas estava “batizada”, segundo a veterinária do Tamar, Doutora Daphne Golberg. “Ela apresentou problemas no pulmão, respiratório e não afundava. Verificamos que ela estava com uma infecção resistente a maioria dos antibióticos. Não podemos liberar o animal se ele não afundar. Elaboramos um antibiótico que conseguiu acabar com essa bactéria resistente”, disse.
Todo esse esforço conjunto resultou na soltura da primeira tartaruga, de todas já resgatadas pelo projeto de monitoramento. Apelidada de “Jurema”, ela voltou ao mar nesta semana, na Barra da Lagoa, em Florianópolis.
Agora seu caminho será a região costeira do litoral catarinense onde irá se alimentar por um período e seguir para a área de reprodução, na região nordeste do país. “Essa espécie de tamanho juvenil costuma migrar para nossa região para se alimentar, pois aqui é uma área de grande quantidade de moluscos”, explica a veterinária.
Quantidade de tartarugas resgatadas aumentou
No mês de janeiro a equipe de campo do Projeto de Monitoramento de Praias resgatou por monitoramento e acionamento 397 tartarugas nas praias de Laguna e Imbituba. Destas 323 mortas e 74 debilitadas.
Os veterinários do projeto fizeram a necropsia de todas e a sugestão da causa das mortes resulta em dois principais causadores: ingestão de lixo do mar e interação com a pesca. “Devemos salientar que nossas análises são somente sugestivas, pois todo o material coletado será enviado para análise em laboratórios especializados, que deverão dar o diagnóstico final”, explica o veterinário do projeto, Ariel Canena.
De acordo com Golberg, o número de tartarugas encaminhadas ao Tamar, em Florianópolis, mais que triplicou com o Projeto de Monitoramento de Praias.
Sobre o Monitoramento
O Projeto de Monitoramento de Praias da Bacia de Santos (PMP-BS) é uma atividade desenvolvida para o atendimento de condicionante do licenciamento ambiental federal das atividades da PETROBRAS de produção e escoamento de petróleo e gás natural no Pólo Pré-Sal da Bacia de Santos, conduzido pelo IBAMA e tem como objetivo avaliar os possíveis impactos das atividades de produção e escoamento de petróleo sobre as aves, tartarugas e mamíferos marinhos, através do monitoramento das praias e do atendimento veterinário aos animais vivos e mortos. Para isso, será realizado o monitoramento de 2.100 km de praias entre Rio de Janeiro e Santa Catarina.
O monitoramento nesta região, coordenado pela Udesc, totaliza um percurso de aproximadamente 55 quilômetros entre a praia do Mar Grosso, em Laguna, e Praia do Luz, em Imbituba.
De acordo com o coordenador do programa em Laguna, o professor da Udesc e doutor Pedro Castilho, esse é o maior programa de monitoramento feito de forma sistemática em todo o mundo.
“Alguns trechos serão realizados por monitores locais, outros de veículo e algumas praias mais movimentadas de quadriciclo ou por acionamento”, explica Castilho.
Algumas praias de Imbituba e outras de Garopaba estão sendo realizadas pelo Projeto Baleia Franca – PBF.
Espaço para atendimento à fauna marinha
Para desenvolvimento deste trabalho será construída uma Unidade de Estabilização, numa área doada pela prefeitura à Udesc, localizada no loteamento Laguna Internacional, em Laguna.
Essa unidade terá como função realizar a estabilização de fauna marinha para posterior encaminhamento ao Centro de Reabilitação mais próximo (Florianópolis). Terá capacidade disponível de atendimento, para realização de necropsia dos animais que vierem a óbito ou das carcaças que forem coletadas.
Ao todo será estruturada uma rede de atendimento a fauna marinha nos Estados de Santa Catarina, Paraná e São Paulo composta por 5 (cinco) Centros de Reabilitação e Despetrolização, 5 (cinco) Unidades de Estabilização e 3 (três) Bases de Apoio.
Atualmente o projeto funciona nos laboratórios da Udesc, localizados em salas do Sambódromo.
Como a população pode ajudar?
Todos os animais encontrados mortos ou machucados nas praias são importantes fontes de pesquisa. A população pode colaborar com o programa, quando encontrar animais nestas situações, e entrar em contato por telefone pelo número: 0800-642-33-41. A ligação será direcionada à equipe local para o resgaste.
O mesmo pode ser feito em casos que forem encontrados animais vivos, mas que estejam fora de seu habitat. A equipe também monitora nessas situações.
Quais os benefícios e legado do projeto?
Esse programa proporcionará através das atividades de monitoramento e resgate, a estruturação da rede de atendimento a fauna marinha, atendimento veterinário para reabilitação, soltura, necropsia de aves, quelônios e mamíferos marinhos e o desenvolvimento e implantação do Sistema de Gerenciamento de Dados. Além disso, oferecerá um espaço dedicado à educação e sensibilização ambiental.
Vídeo:
Para assistir ao vídeo da soltura acesse o link: https://drive.google.com/file/d/0B4E_Sw0nF9X3UjhUYkcyRDltWWM/view?ts=56abbf67
Contatos:
Coordenador (Pedro Volkmer de Castilho – CRBio 53296-03D): (48) 9181-4685 (Vivo)
Gerente Operacional (Felipe Steiner – CREA 250819426-3): (48) 9116-0264 (Vivo)
PLANTÃO PMP e Laboratório de Zoologia UDESC: (48) 9696-6025 (Tim)
CENTRAL PMP: 0800-642-3341
Email: comunicacaopmpudesc@gmail.com
Texto e fotos: Gisele Elis Martins / Laguna
Atenciosamente,
Emanuelle Querino Alves de Aviz