Capacitação de Leitura Inclusiva desafia profissionais
Deficientes visuais já podem ter acesso a obras literárias na Biblioteca Pública de Imbituba.
Livros em braile, audiolivros ou livros falados, livros com a letra ampliada, o Livro Digital Acessível DAISY – Digital Acessible Information System: todas estas são ferramentas para promover a leitura inclusiva, permitindo o direito do acesso à informação as pessoas com deficiência visual. Na oficina realizada nesta quinta-feira (4) em Imbituba, os profissionais foram desafiados a promover a inclusão.
Mais de 50 pessoas se reuniram na Câmara de Vereadores, para participar oficina de Leitura Inclusiva e o encontro da Rede de Leitura Inclusiva GT – SC. O principal recurso foi o debate sobre os mitos e verdades relacionadas ao tema. A realização foi da Fundação Catarinense de Cultura (FCC), através do Sistema de Bibliotecas Públicas de Santa Catarina, em parceria com a Fundação Dorina Nowill para Cegos e Secretarias de Cultura e Educação do Governo de Imbituba, via Biblioteca Pública Municipal Cônego Itamar Luiz da Costa.
Para a palestrante, a psicóloga Ana Paula Silva, da Fundação Dorina Nowill, o evento é o resultado de uma percepção de que não basta apenas produzir e distribuir livros acessíveis pelo Brasil, como a Fundação faz, mas que o profissional precisa estar capacitado para oferecer o material e orientar o deficiente visual. “Primeiro qualificamos este facilitador e em seguida montamos uma rede de articulação com pessoas e organizações interessadas em promover a leitura inclusiva”, explica.
De acordo com a psicóloga a maior dificuldade é que o próprio deficiente não sabe que tem este direito. “Em 2012 fizemos uma pesquisa no Brasil sobre os hábitos de leitura da pessoa com deficiência visual e percebemos que o profissional trata a relação entre o livro o deficiente de maneira quase inexistente, enquanto o deficiente visual via a oferta como um presente, um favor e não um direito. Agora, sabendo que é um direito ele demanda este acesso e aumenta a nossa missão. Quem fez a oficina hoje está levando um pacote de responsabilidades em buscar esses recursos, exigir políticas públicas e promover a inclusão”, ressalta.
Refletindo sobre Leitura Inclusiva
Para a professora de Língua Portuguesa Daniele Souza Freitas Pacheco o professor da escola pública ainda não está preparado para atender essa demanda, mas a oficina já é um grande passo para essa capacitação. “É uma temática interessante, porque trabalhamos com leitura, mas não temos esse conhecimento acerca da leitura inclusiva. Não tenho alunos com deficiência, mas como profissional de educação é preciso conhecer previamente sobre o assunto porque lidamos com isso no cotidiano. Eu não tinha conhecimento sobre isso e vejo como uma forma de instigar o professor a conhecer novas formas de oferecer a leitura. Precisamos de mais eventos como esse, ações públicas que estimulem o conhecimento sobre a inclusão”, explica.
A colaboradora da biblioteca, Janete da Costa Pereira, se sente mais preparada para atender o público especial que pode procurar a biblioteca em busca dos livros adaptados. “Nunca havia pensado em descrever o local para o visitante. Hoje aprendi que temos muitas maneiras de incluir as pessoas com deficiência visual e utilizar o espaço da biblioteca pública como mais uma ferramenta”, afirma.
Texto e fotos: Emanuelle Querino Alves de Aviz