Imbituba debate risco e vulnerabilidade às drogas
O Seminário Antidrogas teve o objetivo de oferecer subsídios aos profissionais que atuam na prevenção.
Técnicos da área da saúde, professores e profissionais da rede de atendimento prevenção e combate às drogas de Imbituba participaram do seminário realizado pela Secretaria de Saúde. Com o intuito de debater e conscientizar sobre o uso indevido de drogas, o evento teve o apoio do Departamento de Prevenção e Combate às Drogas e Comad (Conselho Municipal Antidrogas). Através da parceria com o Instituto Impacto Novo Horizonte, o debate foi realizado na última terça (22), no Centro de Educação e Gestão em Saúde – Ceges.
A secretária de saúde, Maria Martins, diz que o objetivo do seminário é dar suporte aos técnicos das áreas da educação e da saúde, das entidades, ONGs que trabalham nas redes assistência que atendem pessoas que usam drogas indevidamente. “Estamos trazendo esse seminário para dar subsídio técnico aos profissionais. É importante porque acreditamos e estamos neste desafio de fazer um trabalho de prevenção, que hoje precisa começar pela educação na família, nas escolas, nas redes. Temos uma demanda de usuários muito nova, crianças e adolescentes, e estamos preparando nossa equipe para lidar com essas situações”, explica.
Publicitário e pastor evangélico, Lourival Leite da Silva, trabalha com formadores de opinião sobre drogas há 25 anos e foi o primeiro palestrante. “A vulnerabilidade é uma das coisas que deixam as pessoas à mercê de quem quer se aproveitar delas. É muito importante a atenção dos pais ao tempo ocioso dos filhos. Meu foco é na responsabilidade compartilhada, porque sozinhos não conseguimos resultados. Destaco também a pior droga do mundo, que muitas vezes está instalada dentro de casa: o mau relacionamento, seja entre marido e mulher, pais e filhos, patrão e empregado. Quando você ouve a fala sobre a “droga da minha família, a droga do meu pai, a droga do meu patrão” e isso, de certa forma, entorpece também e abre para a vulnerabilidade, seja para álcool, remédios, cigarros ou drogas mais pesadas”, afirma.
O segundo palestrante foi o Coronel Jorge Luiz Barbosa da Silva, que já trabalha na área há 34 anos e explica que prevenção é algo aprendido. “Podemos aprender normas que nos ensinem a ser mais cautelosos, como uma analogia aos cuidados que temos em relação ao cinto de segurança. Esses cuidados podem ser feitos também em nossa vida, ao tomar medicamentos, a ter cautela em relação às substâncias como o álcool e o fumo, pois eles sempre têm princípios farmacológicos muito intensos. Apesar de aceitarmos socialmente, nossa estrutura biológica sofre as consequências por essas substâncias químicas”, alerta.
Alertas e discussões
O Coronel Jorge ainda deixou um alerta. “As pessoas acham que a maconha é só um cigarro diferente, mas não é. A maconha tem princípios farmacológicos tremendamente potentes. Fazer combinações, usar um pouco de maconha, um pouco de cocaína, ou de vez em quando consumir alguma droga mais elaborada, como as conhecidas drogas de balada, geram problemas bem maiores”, informa.
Ele propõe que cada vez mais o tema seja debatido abertamente. “É preciso reunir a comunidade, refletir. É preciso discutir com a cabeça aberta, sem visões muito proibitivas. Se eu sou favorável a liberação de alguma coisa? Eu sou favorável à discussão. Vamos liberar o uso de maconha, se é bom pra todo mundo, mas eu não vou usar maconha. Se decidirem liberar o uso da cocaína, tudo bem, mas eu também não vou usar cocaína, porque eu sei que essas substâncias fazem muito mal. Eu experimento os efeitos dessas drogas todos os dias nos meus camundongos, nas pessoas que assisto e vejo que são danos terríveis, então optei a pensar em um modelo de saúde preventiva, incorporada no dia a dia”, alerta.
Texto e fotos: Emanuelle Querino Alves de Aviz