Gabriel Medina campeão do SuperSurf Internacional Prime

Brasileiro de apenas 17 anos fatura o título com nota 10 na final contra o experiente australiano Tom Whitaker na Praia da Vila lotada em Imbituba

Praia da Vila, Imbituba / SC (05 de junho) – Mar clássico na Praia da Vila, com longas esquerdas de 6-8 pés, sem vento, Sol e céu azul, formaram um cenário perfeito para o último dia do SuperSurf Internacional Prime em Imbituba. E para fechar com chave de ouro o evento que lotou a praia no domingo, um verdadeiro espetáculo do brasileiro Gabriel Medina, de apenas 17 anos de idade.

Ele tirou duas notas 10 com aéreos sensacionais nas ótimas ondas de Imbituba, uma delas na grande final contra o experiente Tom Whitaker, 31 anos. O australiano não teve qualquer chance contra o menino prodígio de Maresias, São Sebastião (SP). No pódio, chorando muito, ele agradeceu todo o apoio da torcida que vibrou intensamente com suas fantásticas apresentações no domingo.

“Eu não sei nem o que dizer. Eu tinha vencido uma etapa na Praia Mole (Florianópolis-SC) dois anos atrás, quando eu tinha 15 anos, mas agora foi muito mais emocionante”, disse Gabriel Medina. “É a primeira vez que eu surfo aqui na Vila e queria surfar bem esta onda. Trouxe toda a minha família para esse campeonato e me senti em casa. Na real, não sei o que dizer, mas quero agradecer todo o publico daqui de Imbituba que lotou a praia hoje e também aos meus patrocinadores, pois sem eles eu não estaria aqui”.

Na grande final, o australiano começou com uma nota 6,83 e Medina com 6,5 pontos. Mas, na segunda onda ele já mandou um aéreo de entrada, seguiu manobrando uma boa esquerda e acertou outro aéreo rodando para finalizar, recebendo nota 9,10. Na terceira, fez uma sequência incrível de batidas, rasgadas e um layback sensacional jogando muita água para fechar mais uma bela apresentação, que valeu nota 8,77. Todas as vezes que terminava cada onda e passava na frente da arena do evento com o jetski, o público explodia numa vibração emocionante na Praia da Vila.

NOTA 10 – Mas, o melhor ainda estava por vir. Em outra esquerda excelente, em pé, ele voa em outro aéreo incrível seguido por um cutback e mais uma série de manobras até a beira para ganhar outro 10 unânime dos juízes, confirmando mais uma vitória inesquecível na Praia da Vila. Gabriel Medina impressionou o mundo dois anos atrás, quando fez uma final perfeita com duas notas 10 num evento da categoria Pro Junior na França. Isto depois de ter sido o surfista mais jovem a vencer uma etapa do Circuito Mundial válida pelo extinto WQS, com 15 anos de idade apenas, na Praia Mole, em Florianópolis (SC).

“O Gabriel (Medina) foi o melhor surfista do evento sem a menor dúvida e ninguém ia conseguir ganhar dele hoje”, disse Tom Whitaker, que já havia perdido uma final na Vila em 2004, quando a etapa brasileira do ASP World Tour era em Imbituba. “É legal ver um surfista tão jovem vencendo um campeonato importante assim. Acho que o futuro do surfe brasileiro está garantido e todos têm que estar muito orgulhosos por ter um surfista tão talentoso como ele. Eu adoro este lugar, já tive bons resultados aqui, gosto muito dos costões e da força dessa onda, então só tenho que comemorar também o bom resultado”.

NOTA 10 – Gabriel Medina começou a arrancada fulminante para a vitória na primeira onda que surfou na quarta de final contra Damien Hobgood. Ele acertou um aéreo reverse incrível no ponto mais crítico de uma esquerda da série para arrancar a segunda nota 10 do campeonato. A primeira foi conseguida pelo australiano Yadin Nicol na quarta-feira de grandes ondas na Praia da Vila. Todos os cinco juízes deram a nota máxima para Medina.

Na semifinal contra Richard Christie, da Nova Zelândia, ele apresentou todo o seu vasto repertório de manobras. Até o difícil aéreo “Superman” ele acertou para vencer fácil a bateria com quatro notas na casa dos 9 pontos. Na melhor onda ganhou 9,87, com dois dos cinco juízes repetindo a nota máxima para ele. Além dos aéreos, Medina também arrancou notas excelentes em ondas com outras manobras, como batidas, rasgadas e laybacks, sempre executadas no ponto crítico das ondas com velocidade e numa harmonia incrível com as esquerdas perfeitas da Praia da Vila.

“Eu queria muito ir pra final, mas não tive muito o que fazer porque o Gabriel (Medina) surfou de forma incrível”, admitiu Richard Christie. “Eu vi a bateria dele com o Damien (Hobgood) e ele estava mandando um aéreo mais “louco” que o outro. Eu sabia que ele ia fazer o mesmo contra mim e aconteceu. Ele já começou forte nas duas primeiras ondas e até surfei bem também, mas não deu. Ele está de parabéns e saio feliz pelo resultado porque somei pontos importantes no ranking”.

O surfista da Nova Zelândia subiu da qüinquagésima para a 44.a posição no ASP World Ranking. Já o norte-americano Gabe Kling, que foi barrado pelo australiano Tom Whitaker também nas semifinais, foi do 47.o para o 41.o lugar com os 4.225 pontos recebidos pela terceira colocação em Imbituba. “Foi uma bateria muito difícil e até achei que tinha virado a bateria na minha última onda. Acho que faltou uma manobra mais forte no outside, mas o terceiro lugar foi um bom resultado pra mim. As ondas estavam muito boas o dia todo, parece até que para compensar as difíceis condições do mar ontem (sábado)”.

BRASILEIROS – Cinco brasileiros competiram no domingo decisivo do SuperSurf Prime. No entanto, os estrangeiros venceram todas as baterias que valiam classificação direta para as quartas de final. Na repescagem, Hizunomê Bettero derrotou Raoni Monteiro e Gabriel Medina ganhou o duelo contra seu grande amigo, Miguel Pupo. Já o catarinense Ricardo dos Santos foi eliminado pelo havaiano Mason Ho. Os que perderam nesta quinta fase ficaram em nono lugar na competição.

O paulista Hizunomê Bettero não conseguiu repetir a ótima apresentação contra Raoni Monteiro e ficou na primeira quarta de final, contra o australiano Tom Whitaker. Já Gabriel Medina despachou Damien Hobgood e depois também atropelou o neozelandês Richard Christie na semifinal e o australiano Tom Whitaker na decisão do título. Pela vitória, o paulista faturou 40.000 dólares e, com os 6.500 pontos recebidos, saltou da 39.a para a 27.a posição no ASP World Ranking.

G-32 DO ASP TOUR – Agora, oito brasileiros aparecem no grupo dos 32 que disputarão a segunda metade do ASP Tour. Cinco já são da elite – Adriano de Souza (SP), Jadson André (RN), Heitor Alves (CE), Alejo Muniz (SC) e Raoni Monteiro (RJ). As novidades após o resultado do SuperSurf Internacional Prime são o próprio Gabriel Medina em 27.o lugar, o também paulista Miguel Pupo em trigésimo e o catarinense Willian Cardoso na 32.a e última posição na lista provisória dos que se classificam.

“Ainda não parei para pensar sobre isso”, falou Gabriel Medina. “A idéia é ir pra Europa agora correr todos os campeonatos importantes para ver se consigo me classificar. Mas, seja o que Deus quiser. Se eu entrar agora na metade do ano será muito bom, mas caso não consiga, vou continuar tentando. Eu sou muito jovem ainda e tenho um longo caminho pela frente”.

PERNA BRASILEIRA – A etapa de Imbituba fechou uma longa série do Circuito Mundial pelo Brasil, que foi iniciada no começo de maio no SuperSurf Internacional 5 estrelas em Xangri-Lá (RS). Depois, veio a etapa brasileira do ASP World Tour na capital do Rio de Janeiro e o ASP World Prime de Saquarema (RJ), antes do SuperSurf Prime em Imbituba. A ASP South America ainda vai promover a “perna brasileira de fim de ano” com quatro etapas do ASP World 6-Star seguidas, entre os dias 27 de setembro e 23 de outubro. Inclusive a terceira etapa do SuperSurf Internacional nos dias 11 a 16 de outubro.

A Peugeot apresenta o SuperSurf Internacional 2011 produzido pela Editora Abril, com esta etapa do ASP Prime contando com o co-patrocínio do Governo do Estado do Estado de Santa Catarina, através do FUNDESPORTE – Fundo de Incentivo ao Esporte da Secretaria de Estado de Turismo, Cultura e Esporte; além do apoio da Prefeitura de Imbituba, da Federação Catarinense de Surf (FECASURF) e Associação de Surf de Imbituba (ASI), com cobertura exclusiva da ESPN Brasil.

FINAL DO SUPERSURF INTERNACIONAL PRIME:
Campeão: Gabriel Medina (BRA) com 19,10 pontos – US$ 40.000 e 6.500 pontos
Vice-campeão: Tom Whitaker (AUS) com 10,66 pontos – US$ 20.000 e 5.200 pontos

SEMIFINAIS – 3.o lugar – US$ 11.000 e 4.225 pontos:
1.a: Tom Whitaker (AUS) 13.73 x 13.10 Gabe Kling (EUA)
2.a: Gabriel Medina (BRA) 19.60 x 15.20 Richard Christie (NZL)

QUARTAS DE FINAL – 5.o lugar – US$ 7.000 e 3.120 pontos:
1.a: Tom Whitaker (AUS) 17.10 x 14.27 Hizunomê Bettero (BRA)
2.a: Gabe Kling (EUA) 12.50 x 7.97 Mason Ho (HAV)
3.a: Gabriel Medina (BRA) 19.73 x 13.74 Damien Hobgood (EUA)
4.a: Richard Christie (NZL) 14.77 x 13.93 Dylan Graves (PRI)

QUINTA FASE – Round of 12 – 1.o=Quartas de Final / 2.o=9.o lugar (US$ 5.000 e 2.400 pontos):
1.a: Hizunomê Bettero (BRA) 15.20 x 13.57 Raoni Monteiro (BRA)
2.a: Mason Ho (HAV) 14.53 x 13.00 Ricardo dos Santos (BRA)
3.a: Gabriel Medina (BRA) 14.67 x 11.50 Miguel Pupo (BRA)
4.a: Dylan Graves (PRI) 13.83 x 10.80 Royden Bryson (AFR)

QUARTA FASE – Round of 12 – 1.o=Quartas de Final / 2.o e 3.o=Repescagem:
1.a: 15.20=Tom Whitaker (AUS), 12.33=Raoni Monteiro (BRA), 10.67=Mason Ho (HAV)
2.a: 16.90=Gabe Kling (EUA), 14.30=Ricardo dos Santos (BRA), 10.43=Hizunomê Bettero (BRA)
3.a: 16.17=Damien Hobgood (EUA), 16.00=Gabriel Medina (BRA), 9.24=Royden Bryson (AFR)
4.a: 12.50=Richard Christie (NZL), 11.27=Dylan Graves (PRI), 8.84=Miguel Pupo (BRA)

G-32 DO ASP WORLD RANKING – 18 etapas:
01: Kelly Slater (EUA) – 66.200 pontos
02: Jordy Smith (AFR) – 52.000
03: Mick Fanning (AUS) – 43.648
04: Taj Burrow (AUS) – 43.177
05: Bede Durbidge (AUS) – 39.370
06: Adriano de Souza (BRA) – 38.557
07: Jeremy Flores (FRA) – 38.016
08: Owen Wright (AUS) – 37.400
09: Adrian Buchan (AUS) – 36.492
10: Damien Hobgood (EUA) – 35.370
11: Michel Bourez (TAH) – 33.650
12: Dane Reynolds (EUA) – 31.707
13: Joel Parkinson (AUS) – 31.457
14: Brett Simpson (EUA) – 29.000
15: Kieren Perrow (AUS) – 26.545
16: Matt Wilkinson (AUS) – 26.200
17: Chris Davidson (AUS) – 25.607
18: Tiago Pires (PRT) – 25.423
19: C. J. Hobgood (EUA) – 25.200
20: Jadson André (BRA) – 25.182
21: Heitor Alves (BRA) – 25.095
22: Adam Melling (AUS) – 24.957
23: Alejo Muniz (BRA) – 23.841
24: Raoni Monteiro (BRA) – 23.001
25: Patrick Gudauskas (EUA) – 21.957
26: Dusty Payne (HAV) – 21.500
27: Gabriel Medina (BRA) – 21.364
28: Julian Wilson (AUS) – 21.346
29: Taylor Knox (EUA) – 21.000
30: Miguel Pupo (BRA) – 20.866
31: Daniel Ross (AUS) – 19.905
32: Willian Cardoso (BRA) – 19.549
————-próximos brasileiros:
46: Jessé Mendes (BRA) – 13.574 pontos
50: Hizunomê Bettero (BRA) – 12.365
56: Junior Faria (BRA) – 11.195
60: Wiggolly Dantas (BRA) – 10.865
62: Leonardo Neves (BRA) – 10.448
68: Thiago Camarão (BRA) – 9.969
76: Bernardo Pigmeu (BRA) – 8.956